domingo, 5 de dezembro de 2010

PSICOTERAPIA E AROMATERAPIA: UM CAMPO ABERTO

           Visto que o sistema olfativo é o portão de entrada para o subconsciente, seria de se esperar que a psicoterapia usasse estímulos olfativos para curar distúrbios psicológicos.  No entanto, pesquisas nesse sentido são raras, talvez devido à dificuldade de sistematizar qualquer tipo de método terapêutico.   As sensações causadas pelo cheiro são muito particulares. Cada indivíduo faz associações diferentes.

            Óleos como néroli, lavanda, manjerona, rosa e ylang-ylang são tradicionalmente usados por seus efeitos calmantes no caso de estresse.  O óleo de jasmim é excelente para curar depressão ou ansiedade.  A difusão é, provavelmente, um dos melhores métodos para usar os óleos essenciais com estes objetivos.

            Obviamente, a psicoaromaterapia (termo cunhado por Robert Tisserand) é um campo inteiramente aberto, onde há ainda inúmeras experiências a serem feitas.  Tomando os mínimos cuidados, não se deveria correr perigo algum usando aromas em psicoterapia; por outro lado, tudo indica que os benefícios que eles trazem são ilimitados.

            Um procedimento bastante usado pelos terapeutas é o preparo de uma mistura dos óleos recomendados para ser usada durante a sessão terapêutica. O paciente pode usar a mesma mistura em casa, para reforçar o tratamento. Este método mostra-se especialmente eficaz quando combinado com qualquer técnica de relaxamento profundo (como hipnose, meditação, ioga e certos tipos de massagem), pois esse estado facilita a ação profunda dos estímulos olfativos do paciente.

Metafísica do “eu não sei o quê, um quase nada” (un je ne sais quoi, un presque rien)

            Vladimir Jankelevitch, filósofo francês falava “un je ne sais quoi, un presque rien” para caracterizar a sutil qualidade de uma art de vivre que pode ser estendida ao júbilo básico de simplesmente estar vivo.  É a marca da arte genuína, da elegância, do humor, que diferencia uma refeição de verdade de um mero aglomerado de proteínas, calorias, vitaminas e sais minerais; descreve com perfeição a contribuição das fragrâncias para a qualidade de vida.  É imprevisível, não pode ser analisado por nenhum método científico, e, no entanto, pode ser vivido.  Segundo Goethe[1], as plantas mais evoluídas sofrem uma transformação, do germe até a exuberância da flor, passando por um movimento natural em direção à espiritualidade, onde a flor, na sua efemeridade e no seu desabrochar, apresenta um instante de enlevo e júbilo, tendo a fragrância exatamente esse encanto.

            As fragrâncias falam uma linguagem própria.  Elas conseguem expressar melhor do que qualquer palavra os sentimentos mais sutis.  A escolha que uma pessoa faz por um determinado perfume e a maneira como ele reage em sua pele revelam muitas coisas sobre ela.  Todos têm seu cheiro característico, que muda de acordo com o estado físico ou mental do indivíduo.  É possível chegar ao ponto de afirmar que o cheiro pode ser determinante para o estabelecimento de uma relação.

            Os aromas, ainda que não consigam mudar a pessoa, podem ajudar a criar premissas favoráveis quando adequadamente escolhidos.  As fragrâncias acentuam o aspecto dinâmico e positivo do ser por ressonância.  No período Renascentista, cada grande dame tinha seus perfumes secretos; existem vários sistemas que associam os perfumes aos signos do zodíaco, aos planetas regentes ou aos chacras.

            Concluindo, embora também alivie os sintomas, a aromaterapia tem como principal objetivo curar a causa da doença.  A ação terapêutica básica dos óleos essenciais consiste em fortalecer os órgãos e as suas funções, como agir nos mecanismos de defesa do organismo.  Não é que os substituam, mas os ajudam a proteger o corpo e, portanto, não o debilitam.  Sua ação é reforçada por qualquer terapia natural que vise a devolver a vitalidade do indivíduo.
OBS: É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.




[1] Johann Wolfgang von Goethe (1749/1832) foi um escritor alemão e pensador que também incursionou pelo campo da ciência.

Nenhum comentário: