Visto que o sistema olfativo é o portão de entrada para o subconsciente, seria de se esperar que a psicoterapia usasse estímulos olfativos para curar distúrbios psicológicos. No entanto, pesquisas nesse sentido são raras, talvez devido à dificuldade de sistematizar qualquer tipo de método terapêutico. As sensações causadas pelo cheiro são muito particulares. Cada indivíduo faz associações diferentes.
Óleos como néroli, lavanda, manjerona, rosa e ylang-ylang são tradicionalmente usados por seus efeitos calmantes no caso de estresse. O óleo de jasmim é excelente para curar depressão ou ansiedade. A difusão é, provavelmente, um dos melhores métodos para usar os óleos essenciais com estes objetivos.
Obviamente, a psicoaromaterapia (termo cunhado por Robert Tisserand) é um campo inteiramente aberto, onde há ainda inúmeras experiências a serem feitas. Tomando os mínimos cuidados, não se deveria correr perigo algum usando aromas em psicoterapia; por outro lado, tudo indica que os benefícios que eles trazem são ilimitados.
Um procedimento bastante usado pelos terapeutas é o preparo de uma mistura dos óleos recomendados para ser usada durante a sessão terapêutica. O paciente pode usar a mesma mistura em casa, para reforçar o tratamento. Este método mostra-se especialmente eficaz quando combinado com qualquer técnica de relaxamento profundo (como hipnose, meditação, ioga e certos tipos de massagem), pois esse estado facilita a ação profunda dos estímulos olfativos do paciente.
Metafísica do “eu não sei o quê, um quase nada” (un je ne sais quoi, un presque rien)
Vladimir Jankelevitch, filósofo francês falava “un je ne sais quoi, un presque rien” para caracterizar a sutil qualidade de uma art de vivre que pode ser estendida ao júbilo básico de simplesmente estar vivo. É a marca da arte genuína, da elegância, do humor, que diferencia uma refeição de verdade de um mero aglomerado de proteínas, calorias, vitaminas e sais minerais; descreve com perfeição a contribuição das fragrâncias para a qualidade de vida. É imprevisível, não pode ser analisado por nenhum método científico, e, no entanto, pode ser vivido. Segundo Goethe[1], as plantas mais evoluídas sofrem uma transformação, do germe até a exuberância da flor, passando por um movimento natural em direção à espiritualidade, onde a flor, na sua efemeridade e no seu desabrochar, apresenta um instante de enlevo e júbilo, tendo a fragrância exatamente esse encanto.
As fragrâncias falam uma linguagem própria. Elas conseguem expressar melhor do que qualquer palavra os sentimentos mais sutis. A escolha que uma pessoa faz por um determinado perfume e a maneira como ele reage em sua pele revelam muitas coisas sobre ela. Todos têm seu cheiro característico, que muda de acordo com o estado físico ou mental do indivíduo. É possível chegar ao ponto de afirmar que o cheiro pode ser determinante para o estabelecimento de uma relação.
Os aromas, ainda que não consigam mudar a pessoa, podem ajudar a criar premissas favoráveis quando adequadamente escolhidos. As fragrâncias acentuam o aspecto dinâmico e positivo do ser por ressonância. No período Renascentista, cada grande dame tinha seus perfumes secretos; existem vários sistemas que associam os perfumes aos signos do zodíaco, aos planetas regentes ou aos chacras.
Concluindo, embora também alivie os sintomas, a aromaterapia tem como principal objetivo curar a causa da doença. A ação terapêutica básica dos óleos essenciais consiste em fortalecer os órgãos e as suas funções, como agir nos mecanismos de defesa do organismo. Não é que os substituam, mas os ajudam a proteger o corpo e, portanto, não o debilitam. Sua ação é reforçada por qualquer terapia natural que vise a devolver a vitalidade do indivíduo.
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