Desde as mais remotas eras da humanidade, as fumigações aromáticas têm sido usadas em rituais diários e durante cerimônias religiosas. A fragrância sempre foi vista como manifestação da divindade na terra, uma relação entre os seres humanos e os deuses, meio e mediador, emanação da matéria e manifestação do espírito.
A medicina aromática do Egito
A medicina aromática surgiu das sombras dos templos enfumaçados do Egito – o berço da medicina, perfumaria e farmácia – há mais de seis mil anos. As preciosas substâncias vinham de todas as partes do mundo, carregadas por caravanas e embarcações: cedro do Líbano; rosas da Síria; mirra, olíbano e canela da Babilônia, Etiópia, Somália e até da Pérsia e da Índia. O sacerdote supervisionava as preparações nos templos, lendo as fórmulas e entoando cânticos, enquanto os alunos misturavam os ingredientes. A pulverização, a maceração e outras operações podiam prosseguir durante meses até que fosse obtida a delicada fragrância para uso nas cerimônias.
As questões espirituais não eram a única preocupação dos egípcios. Eles reconheciam a extrema importância da saúde e higiene, e conheciam como ninguém os efeitos dos perfumes e substâncias aromáticas no corpo e na psique. Muitos preparados eram usados tanto por sua qualidade fragrante, quanto por seu poder de cura. Eles também praticavam a arte da massagem e eram especialistas em cuidados com a pele e a cosmetologia. Seus produtos gozavam de muita fama por todo o mundo civilizado.
Os mercadores fenícios exportavam ricos unguentos, óleos perfumados, cremes e vinhos aromáticos para todo o mundo mediterrâneo e a península arábica, aumentando assim a fama e riqueza do Egito.
O embalsamento era um dos principais usos das substâncias aromáticas. Depois da retirada dos órgãos internos do corpo, introduziam-se perfumes, resinas e preparados fragrantes. O poder antissético dos óleos essenciais é tão grande que os tecidos ainda se apresentavam em bom estado milhares de anos depois.
O uso das substâncias aromáticas disseminou-se para Israel, Grécia, Roma e todo o mundo mediterrâneo, através dos egípcios. Cada cultura e civilização, desde a mais primitiva até a mais sofisticada, desenvolveu sua própria prática de perfumaria e cosmética.
A Índia é, provavelmente, o único lugar do mundo onde a tradição nunca morreu. Com mais de dez mil anos de prática contínua, a medicina Ayurvédica é a mais antiga forma de prática médica. Os Vedas, livro mais sagrado da Índia e um dos mais antigos de que se tem notícia, menciona mais de setecentos produtos diferentes, como a canela, o coentro, o gengibre, a mirra e o sândalo. Os Vedas codifica os usos dos perfumes e substâncias aromáticas para fins litúrgicos e terapêuticos.
Destilação e alquimia
Na Europa, o advento do cristianismo e a queda do Império Romano marcaram o início de um longo período de barbárie, e um declínio geral de todas as formas de conhecimento. O renascimento ocorreu graças aos povos árabes, com o advento do Islã. As atividades intelectuais e culturais floresceram, bem como as artes. A civilização árabe alcançou um grau de refinamento inigualável.
Os filósofos se dedicaram à antiga e hermética arte da alquimia, cuja origem era atribuída ao deus egípcio Tehuti. Eles reavivaram o uso das substâncias aromáticas em medicina e perfumaria e aperfeiçoaram as técnicas.
O grande filósofo Avicena inventou a serpentina refrigerada, um verdadeiro achado na arte da destilação. A alquimia, provavelmente introduzida na Europa pelos cruzados que voltaram da Terra Santa, era de fato uma busca espiritual, e as diferentes operações realizadas por seus adeptos, simbolizavam os processos que aconteciam dentro dele. A destilação era o símbolo da purificação e a concentração das forças espirituais. Na visão do alquimista, tudo na natureza, desde a areia e as pedras, até as plantas e as pessoas, era feito de um corpo físico, uma alma e um espírito.
Com a expansão dessa arte misteriosa, aumentou o número de substâncias tratadas para a extração das essências. Essas quintessências eram a base da maioria dos remédios, e durante séculos, os óleos essenciais foram os únicos meios de combater as doenças epidêmicas.
OBS: É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.
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