domingo, 5 de dezembro de 2010

2o. Workshop de Aromaterapia - 11 de dezembro de 2010 - Rio de Janeiro

No dia 11 de dezembro de 2010 repetirei o Workshop de Aromaterapia no espaço O Aprender a Conviver, em Copacabana, Rio de Janeiro.  Vejam as fotos do primeiro curso, realizado dia 19 de outubro de 2010.





Workshop de Aromaterapia (19/10/2010) - O Aprender a Conviver


Carreadores, argilas e óleos essenciais


O curso tem a duração oito horas (com intervalo para almoço), onde faço uma palestra com apresentação em power point e manipulação de óleos (essenciais e vegetais), argilas e seus carreadores. 

Os inscritos recebem uma apostila completa com dicas, receitas, e um índice com as propriedades e as indicaçôes terapêuticas, cosméticas e emocionais de mais de 50 óleos essenciais. Ao término do evento, são emitidos certificados de participação e as pessoas já podem fazer uso da Aromaterapia, com conhecimento básico do assunto, e a segurança necessária para fazer suas próprias sinergias.

As inscrições estão abertas e aguardo a sua presença!

Serviço:

Data:  11 de dezembro de 2010
Horário:  de 9h às 18h com um intervalo para almoço.
Local:  O Aprender a Conviver
Endereço:  Av. N. S. Copacabana 647 sala 601 - Copacabana, Rio de Janeiro (de metrô descer na estação Siqueira Campos e saída Figueiredo Magalhães - o prédio fica em frente à Galeria Menescal e ao lado do McDonalds.)
Telefone para contato e inscrições:  (21) 9973-0833 (Liz Boggiss)
Valor do investimento:  R$ 70,00 à vista ou 2 x R$ 80,00.

AROMATERAPIA SUTIL


O processo de preparação sutil com óleo essencial, que é “a alma da planta”, tem um sentido alquímico de reparação, purificação e recombinação. 

Nele, ciência e arte se fundem ao produzir uma sensação profunda na mente subconsciente, que inevitavelmente atinge nosso eu físico, emocional e espiritual.

Ao escolher o seu frasco “pessoal”, deixe-se levar pela intuição e faça escolhas emocionais, orientando-se pelo olfato, ou, o seu olho interior.


SUGESTÕES PARA HARMONIZAÇÃO DOS CHAKRAS

CHAKRA BÁSICO (base da espinha, cor vermelho)
Cedro, Cravo, Canela, Sândalo, Ylang-Ylang, Patchouli, Vetiver.


CHAKRA SEXUAL (barriga, cor laranja)
Laranja, tangerina, grapefruit, gengibre, camomila, jasmim, ylang-ylang.


CHAKRA DO PLEXO SOLAR (plexo, cor amarelo)
Alecrim, laranja, menta, petitgrain, limão, camomila,  junípero.

CHAKRA CARDÍACO (coração, cor verde e rosa)
Bergamota, jasmim, néroli, benjoim, gerânio, rosa.


CHAKRA LARÍNGEO (garganta, cor azul claro)
Cedro, lavanda, eucalipto.

CHAKRA FRONTAL (terceiro olho, cor azul índigo)
Manjerona, lavanda, sândalo, lemongrass, menta.


CHAKRA CORONÁRIO (coroa, cor violeta e branco)
Lavanda, rosa, olíbano, jasmim.


OBS: É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERAIL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.

CARREADORES

ÒLEOS VEGETAIS:

            Vários óleos vegetais podem ser usados como carreadores dos óleos essenciais, pois estes são extremamente concentrados para serem usados puros. A estrutura molecular dos óleos vegetais permite que os óleos essenciais sejam absorvidos pela pele, fortalecendo a hidratação e a emoliência da epiderme. A qualidade de óleos vegetais é tão importante quanto à dos óleos essenciais.

Óleo de girassol (Helianthus annuuss)
É um óleo cicatrizante.  Seus ácidos graxos poliinsaturados têm ação semi-secativa, nutritiva e revitalizante.  Usado com óleo essencial de lavanda, regenera a pele rapidíssimo nos casos de esfoliação, assadura e queimadura.  Acrescido de lavanda e tea tree, é utilizado nas escarras e em feridas infeccionadas.

Óleo de germe de trigo (Triticum vulgare)
Rico em vitamina E, responsável por evitar a perda de vitamina A no organismo, retardando o envelhecimento da pele e devolvendo a vitalidade e a elasticidade à pele.   Suas propriedades antioxidantes o tornam útil para prevenir o ranço dos demais óleos, bastando acrescentar 10% deste em qualquer mistura de óleos vegetais e óleos essenciais. É um conservante natural das misturas.

Óleo de jojoba (Simmondsia chinensis)
Na realidade a jojoba não é um óleo, mas uma cera líquida que não fica rançosa.  Sua composição química é de grande compatibilidade com a pele humana, devolvendo a oleosidade natural da pele.  Pode ser usada em qualquer tipo de pele.  É eficiente no tratamento da caspa, eliminando o acúmulo de agentes no couro cabeludo, deixando-o livre para o crescimento de novos fios.

Óleo de rosa mosqueta (Rosa rubiginosa)
Reduz cicatrizes, quando usado em massagens faciais diárias, reduz linhas de expressão, abranda cicatrizes, permite mais mobilidade do tecido, retarda o envelhecimento prematuro.

Óleo de semente de uva (Vitis vinifera)
É um óleo muito usado em massagens, pois é muito fluido, leve e sem odor.  É tonificante, regenera e revitaliza a pele.  É de grande utilidade na prevenção de estrias devido a sua alta concentração de alfa-tocoferol (vitamina E).


OUTROS TIPOS DE CARREADORES:

Sabonete ou xampu neutro – Deve ser elaborado como agentes de limpeza, de preferência com propriedades hidratante e umectante.  O xampu é indicado para higienização dos cabelos, corpo ou rosto, agindo na remoção de resíduos glandulares, sujidades e poluição.Sua fórmula suave permite a associação com o óleo essencial e potencializar seu efeito.

Máscara hidratante capilar – Uma máscara aromática pode ser formulada com ativos de base vegetal tais como: manteiga de karité, óleo de amêndoas doces, abacate, jojoba etc. Feita para atuar em cabelos sem vida, desidratados, proporcionando ótimo efeito condicionador, além de prevenir a formação de pontas bipartidas. 

Gel neutro com Aloe Vera – Um gel sem corante nem perfume, formulado com Aloe Vera que contribui com seu efeito hidratante e regenerador, intensificando o efeito dos óleos essenciais. A forma gel tem a vantagem de ser adequado a todo o tipo de pele, inclusive peles com acne ou utilizados onde não seja possível o uso de cremes ou óleos.

Creme neutro – Sua formulação é livre de corantes e fragrâncias.  Serve como veículo para óleos essenciais, portanto, não contém óleo mineral.  Sua base oleosa deve ser de óleos vegetais, tais como semente de uva e de girassol.

OBS: É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERAIL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.

MÉTODO DE ESCOLHA DOS ÓLEOS


            Foi o perfumista francês do século XIX, Charles Piesse, quem classificou os odores segundo a sua volatilidade, ou seja, de acordo com a velocidade com que evaporam.  Assim foi criada uma escala de notas para os óleos (altas, médias e baixas).

            As notas altas são aquelas que primeiro percebemos ao aplicarmos na pele.  Costumam ser estimulantes aos sentidos, mas logo desaparecem e deixam surgir as notas intermediárias.  Seu efeito costuma ser equilibrador nos sistemas físicos do corpo.

            As notas baixas são as que permanecem após algumas horas de aplicação.  Óleos de notas baixas costumam ser calmantes.  Eles também funcionam como fixadores da mistura, isto significa que “seguram” as notas altas e intermediárias.

Tabela de classificação, segundo a volatilidade

ALTAS
(rápida evaporação)
MÉDIA-ALTA
(fácil percepção)
MÉDIA
MÉDIA-BAIXA
BAIXA
(demora a evaporar)
Eucalipto
Lavandin
Camomila
Cipreste
Cedro
Limão
Lemongrass
Gerânio
Ylang-ylang
Olíbano
Tangerina
Manjericão
Lavanda
Louro
Patchouli
Petitgrain
Bergamota
Pinho
Manjerona
Sândalo Amyris
Tea Tree
Citronela
Alecrim
Noz-moscada
Benjoim
Grapefruit
Funcho doce
Cravo
Canela
Mirra
Laranja
Hortelã-pimenta
Sálvia Officinalis
Sálvia Esclareia
Sândalo Mysore
Bétula
Mandarina
Orégano
Tomilho
Vetiver
Lima
Pau rosa
Palmarosa
Jasmim
Cistus
Litsea Cubeba
Cardamomo
Rosa



Coriandro
Junípero



Ho leaf
Pimenta negra



Gengibre
Semente de cenoura


Fonte:  Bellarome

            Ao se fazer um perfume, é necessário a utilização de pelo menos um óleo de nota baixa para que a fragrância permaneça por mais tempo.  Usar notas médias quando for maior quantidade, e notas baixas quando em pouca quantidade (são afrodisíacas e exóticas). 

OBS:  É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES NO USO DE ÓLEOS ESSENCIAIS


         A grande maioria dos óleos essenciais são atóxicos e seguros quando usados nas doses e proporções recomendadas.  No entanto, alguns óleos um pouco mais tóxicos jamais devem ser usados em aromaterapia.  Entre os potencialmente perigosos estão absinto, amêndoa amarga, arnica, arruda, artemísia, boldo, cânfora, casca de canela, gualtéria, jaborandi, poejo, sassafrás, tomilho vermelho e tuia.  Esses óleos oferecem risco de envenenamento!

Cuidados especiais com crianças, idosos, epiléticos, hipertensos e alérgicos

  • Crianças e bebês - use quantidades extras diluídas. Óleos permitidos: camomila, lavanda, tangerina e laranja (calmantes), eucalipto (com cuidado, apenas uma gota no difusor elétrico e longe do berço ou cama).
  • Idosos – use a mesma quantidade diluída das crianças.  Não usar em pessoas com deficiências em órgãos como os rins e o fígado. Sofrem restrições também os portadores de doenças graves como o câncer e a diabetes.
  • Hipertensos – evitar óleos de alecriam, sávia officinalis e tomilho.
  • Epiléticos – evitar óleos de alecrim, erva-doce e sálvia officinalis.
  • É aconselhável fazer um teste de sensibilidade.  Um desequilíbrio emocional, estresse, distúrbios hormonais podem alterar a sensibilidade de uma pessoa. Nestes casos devem ser evitados os óleos que possam irritar a pele: capim-limão (lemongrass), cravo, canela, hortelã-pimenta, manjericão, tomilho e verbena.

Aromaterapia durante a gravidez

            A gravidez é um tempo especial para a mulher e que demanda cuidados especiais com o corpo.  Neste período, a mulher experimenta um aumento no seu poder olfativo, que, por si só, já a protege de uma exposição maior a odores fortes e potencialmente perigosos à gestação. A aromaterapia pode ser útil durante a gravidez e o parto, mas com algumas restrições. Saber que óleos são permitidos e quais devem ser evitados é fundamental para a prática aromaterápica.

            Durante o primeiro trimestre, os riscos para a má formação do feto são maiores.  Neste período evita-se exposição a toxinas ou a outras substâncias químicas na circulação, fator que pode prejudicar o feto.  Como cuidado preventivo não usamos óleos essenciais no nesse período, somente óleos vegetais.

            Nos meses seguintes da gravidez, deve ser evitado o uso de óleos essenciais considerados tóxicos, mesmo que levemente, tais como: alecrim, bétula, canela, cravo, cedro, erva-doce, hortelã-pimenta, mirra, noz-moscada, orégano, sálvia officinalis e tomilho; além dos outros classificados como tóxico (veja lista acima).

            Também deve ser evitado o uso de óleos com propriedades emenagogas, isto é, que induzem o fluxo menstrual: alecrim, sálvia esclareia, manjericão, manjerona, mirra e junípero.

            Embora os óleos essenciais de lavanda, camomila e rosa serem emenagogos, eles poderão ser utilizados em quantidade bem reduzida, ou seja, 0,5% para rosa e camomila e até 1% para lavanda.  Mas isso só após o terceiro mês de gestação!

            DE UM MODO GERAL, A DOSE PARA MULHERES GRÁVIDAS DEVE SER REDUZIDA PELA METADE DAS QUANTIDADES MÁXIMAS RECOMENDADAS.

Cuidados especiais no manuseio do óleos essenciais

  • ·         Mantenha os frascos em locais frescos, dentro de vidros escuros e bem tampados.
  • ·         Mantenha os frascos longe do alcance de crianças e animais.
  • ·         Mantenha os óleos longe dos olhos e não os esfregue após manipular óleos essenciais.  Caso ocorra algum acidente, lavar bem os olhos com muita água e procurar ajuda médica.
  • ·         Não aplique óleo essencial puro diretamente na pele, pois podem causar reações. Com exceção dos óleos de lavanda e tea tree, mas somente em caso de picada de insetos, pequenos ferimentos, cortes ou queimadura.
  • Os óleos essenciais são solventes e inflamáveis, portanto mantenha-os longe do fogo, plástico e madeira.
  • Nunca faça uso de óleo essencial oralmente, somente sob orientação médica.

Cuidados especiais

  • ·         Se estiver tomando remédios homeopáticos, consulte o seu médico antes de usar os óleos essenciais.
  • ·         Óleos essenciais que não devem ser usados antes de exposição ao sol: bergamota, limão, lima, laranja, tangerina e grapefruit.
  • ·         Não usar um mesmo óleo essencial por mais de três semanas (total de 21 dias).  Caso seja necessário, descanse uma semana e depois retorne ao tratamento.  Pode alternar com outros óleos.
  • ·         Não substituir os óleos essenciais por um acompanhamento médico, quando este for necessário.
  • ·         Anamnese: para usar corretamente os óleos essenciais é necessário fazer uma entrevista detalhada (anamnese) do paciente, com observações sobre as escolhas de óleos, e também as respostas ao tratamento no acompanhamento das próximas consultas.

 CUIDADO: NÃO USAR ÓLEO ESSENCIAL INTERNAMENTE. 
      NOS DEMAIS USOS, SEMPRE DILUÍDOS.


OBS:  É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.

PSICOTERAPIA E AROMATERAPIA: UM CAMPO ABERTO

           Visto que o sistema olfativo é o portão de entrada para o subconsciente, seria de se esperar que a psicoterapia usasse estímulos olfativos para curar distúrbios psicológicos.  No entanto, pesquisas nesse sentido são raras, talvez devido à dificuldade de sistematizar qualquer tipo de método terapêutico.   As sensações causadas pelo cheiro são muito particulares. Cada indivíduo faz associações diferentes.

            Óleos como néroli, lavanda, manjerona, rosa e ylang-ylang são tradicionalmente usados por seus efeitos calmantes no caso de estresse.  O óleo de jasmim é excelente para curar depressão ou ansiedade.  A difusão é, provavelmente, um dos melhores métodos para usar os óleos essenciais com estes objetivos.

            Obviamente, a psicoaromaterapia (termo cunhado por Robert Tisserand) é um campo inteiramente aberto, onde há ainda inúmeras experiências a serem feitas.  Tomando os mínimos cuidados, não se deveria correr perigo algum usando aromas em psicoterapia; por outro lado, tudo indica que os benefícios que eles trazem são ilimitados.

            Um procedimento bastante usado pelos terapeutas é o preparo de uma mistura dos óleos recomendados para ser usada durante a sessão terapêutica. O paciente pode usar a mesma mistura em casa, para reforçar o tratamento. Este método mostra-se especialmente eficaz quando combinado com qualquer técnica de relaxamento profundo (como hipnose, meditação, ioga e certos tipos de massagem), pois esse estado facilita a ação profunda dos estímulos olfativos do paciente.

Metafísica do “eu não sei o quê, um quase nada” (un je ne sais quoi, un presque rien)

            Vladimir Jankelevitch, filósofo francês falava “un je ne sais quoi, un presque rien” para caracterizar a sutil qualidade de uma art de vivre que pode ser estendida ao júbilo básico de simplesmente estar vivo.  É a marca da arte genuína, da elegância, do humor, que diferencia uma refeição de verdade de um mero aglomerado de proteínas, calorias, vitaminas e sais minerais; descreve com perfeição a contribuição das fragrâncias para a qualidade de vida.  É imprevisível, não pode ser analisado por nenhum método científico, e, no entanto, pode ser vivido.  Segundo Goethe[1], as plantas mais evoluídas sofrem uma transformação, do germe até a exuberância da flor, passando por um movimento natural em direção à espiritualidade, onde a flor, na sua efemeridade e no seu desabrochar, apresenta um instante de enlevo e júbilo, tendo a fragrância exatamente esse encanto.

            As fragrâncias falam uma linguagem própria.  Elas conseguem expressar melhor do que qualquer palavra os sentimentos mais sutis.  A escolha que uma pessoa faz por um determinado perfume e a maneira como ele reage em sua pele revelam muitas coisas sobre ela.  Todos têm seu cheiro característico, que muda de acordo com o estado físico ou mental do indivíduo.  É possível chegar ao ponto de afirmar que o cheiro pode ser determinante para o estabelecimento de uma relação.

            Os aromas, ainda que não consigam mudar a pessoa, podem ajudar a criar premissas favoráveis quando adequadamente escolhidos.  As fragrâncias acentuam o aspecto dinâmico e positivo do ser por ressonância.  No período Renascentista, cada grande dame tinha seus perfumes secretos; existem vários sistemas que associam os perfumes aos signos do zodíaco, aos planetas regentes ou aos chacras.

            Concluindo, embora também alivie os sintomas, a aromaterapia tem como principal objetivo curar a causa da doença.  A ação terapêutica básica dos óleos essenciais consiste em fortalecer os órgãos e as suas funções, como agir nos mecanismos de defesa do organismo.  Não é que os substituam, mas os ajudam a proteger o corpo e, portanto, não o debilitam.  Sua ação é reforçada por qualquer terapia natural que vise a devolver a vitalidade do indivíduo.
OBS: É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL, DESDE QUE CITADA A FONTE. GRATA.




[1] Johann Wolfgang von Goethe (1749/1832) foi um escritor alemão e pensador que também incursionou pelo campo da ciência.

A ANATOMIA DO OLFATO

            Segundo recentes pesquisas realizadas na Europa, Estados Unidos e União Soviética, os efeitos dos odores na psique podem ser mais importantes do que os cientistas sempre pensaram.  
 
            O sentido do olfato agre principalmente no nível subconsciente; os nervos olfativos são diretamente ligados à parte do cérebro mais primitiva, o sistema límbico – o elo com nossos ancestrais sáurios, nossos primos distantes, os répteis.  Considerando o nervo olfativo uma extensão do próprio cérebro, é fácil ver que se pode chegar até ele através do nariz, a única porta de entrada do cérebro.
           
O sistema límbico é a parte do cérebro que regula a atividade sensório-motora e é responsável pelos impulsos primitivos do sexo, fome e sede.  O estímulo do bulbo olfativo envia sinais elétricos para a região do sistema límbico responsável pelos mecanismos viscerais e comportamentais, afetando diretamente os sistemas digestivo e sexual, e o comportamento emocional.  De fato, a reação elétrica do cérebro ao cheiro é praticamente a mesma reação ligada às emoções.  (Em francês, usa-se a mesma palavra para “cheirar” e “sentir”:  sentir.)

            Os processos da recepção olfativa permanecem num nível inconsciente: na maioria das vezes, não percebemos os cheiros que nos cercam.  Por alguma razão ainda desconhecida, quando entramos em contato com um cheiro novo, ficamos “cegos” para ele depois de algum tempo.  Os sinais elétricos ligados àquele determinado cheiro continuam chegando até o cérebro, mas os contatos com os centros conscientes do corpo são desligados.  Isso mostra que nossos centros conscientes têm um controle muito pequeno sobre os estímulos olfativos.

            Os nervos olfativos terminam numa região do cérebro que não usa o mesmo tipo de lógica dos nossos centros do intelecto. Embora os odores formem um tipo de sistema de comunicação, não podem constituir uma linguagem, pois funcionam por associações e imagens e não são analíticos.

            Segundo E. Douek[1], a anomia, isto é, a perda do olfato, sempre vem acompanhada de certa depressão, que pode atingir níveis muito altos. Com a perda desse sentido, a pessoa também perde o paladar, o que torna o mundo monótono e sem cor.

            Outra anomalia ainda mais interessante é a parosmia, a perversão do olfato (normalmente ligada a uma percepção de cheiros ruins).  Nesses casos, pessoas tímidas e introvertidas tendem a achar que o cheiro ruim emana delas mesmas, enquanto indivíduos com tendências à paranoia acham que o cheiro vem dos outros.  Estes últimos chegam a suspeitar que seus próprios amigos estejam tramando algo contra eles e, normalmente,revelam tendências à tirania.  Segundo Douek, o rei francês Luiz XI sofria desse problema. Ele adorava encher suas prisões e inventar métodos sofisticados de tortura para conseguir a confissão de suas vítimas.  Seria bem interessante investigar a sanidade olfativa dos tiranos mais importantes em toda a história do homem!

Aromaterapia e o olfato

            O olfato parece ser “um sentido químico”, pois existe uma ligação direta entre o cérebro e o ambiente, que ocorre no nariz.  Apenas alguns centímetros separam o receptor olfativo do cérebro e as fibras nervosas do sistema olfativo, que vai diretamente para a área límbida, responsável pelas emoções, conforme vimos acima.  Por esta razão é que podemos influenciar o estado de espírito, as sensações e emoções com inalações de óleos aromáticos. O sistema límbico também tem ligações com o tálamo e o córtex, dando aos aromas a capacidade de afetar o pensamento consciente e as reações.

            As substâncias odoríferas terão que ser voláteis, ligeiramente hidrossolúveis (na água) e lipossolúveis (na gordura).  Na maior parte do tempo, elas se adaptam aos receptores olfatórios no primeiro segundo após a estimulação, mesmo com uma quantidade muito pequena.  Um estímulo constante, entretanto, causa uma adaptação ou fadiga olfativa. 


Sistemas olfativos e mecanismos sexuais

            Os mamíferos liberam sinais olfativos sexuais chamados feromônios, através de glândulas apócrinas especializadas na produção de odores.  Nos seres humanos, a maior parte dessas glândulas fica localizada na região circum-anal e anogenital, no peito e abdômen e em torno dos mamilos, com algumas variações nas diferentes raças.

            A maioria dos perfumes contém ingredientes que imitam esses sinais olfativos sexuais, como a algália, o almíscar ou o castóreo, além de substâncias como o sândalo (que conserva especial semelhança com o feromônio masculino androsterol).  Os seres humanos segregam moléculas parecidas com as do almíscar e entram em contato com esse cheiro ainda no útero materno, o que seria uma possível explicação para sua aceitação geral entre as raças.  A principal função dos perfumes, então, seria a de acentuar e reforçar os odores naturais e não a de escondê-los.
           

O portão de entrada para a alma

            Quando, no início do século XX, Sigmund Freud[1] abriu a caixa de Pandora do inconsciente, chegou a pensar que os impulsos sexuais seriam a principal atração do espetáculo apresentado em nosso palco interior.  Considerou a repressão do cheiro uma das maiores causas das doenças mentais e desconfiou de que devia haver alguma relação entre o nariz e os órgãos sexuais.  (A alergia a determinados cheiros é uma doença psicossomática).

            Enquanto a psicanálise e seus avatares exploram o inconsciente do lado da mente, o nariz e o sentido do olfato dão acesso à caixa de Pandora do outro lado: o lado desconhecido, o lado sáurio, aquele dos primórdios da vida.  As sutis emanações criam uma rede abrangente que estabelece um vínculo com o inconsciente das espécies, com a vida em si.  As experiências mais fortes e profundas costumam vir acompanhadas de sensações olfativas.  Todas as tradições, mesmo as mais puritanas, já experimentaram o poder das fragrâncias; toda religião conhece seu uso cerimonial (geralmente ligado a sons e cores) com o intuito de provocar a elevação espiritual dos fiéis e seguidores.  Um homem devoto, um místico, sente o cheiro de fragrâncias celestiais durante seu êxtase mais profundo.  

            Uma fragrância é capaz de suscitar as sensações mais profundas e ao mesmo tempo mais fugidias.  Como a felicidade, o amor ou o riso, os cheiros nos pegam quase de surpresa e se esvaem assim que tentamos nos apoderar deles.  Quer estejamos andando na rua, cuidando do jardim, passeando na mata ou tomando um cafezinho, de repente somos tomados por uma emanação misteriosa que invade nossas narinas e abre as portas de uma magia.  É um êxtase momentâneo, com ondas de deleite percorrendo nosso corpo e produzindo imagens e sensações novas.  Mas, se tentarmos captar o momento no nível racional, a experiência desaparece como uma bolha de sabão; se tentamos descrevê-la, não encontramos as palavras adequadas.  Apenas ficamos com a sensação de um passe de mágica que se perdeu.

            Segundo Jean-Jacques Rousseau[2], o sentido do olfato é a própria imaginação.  Alguns autores precisaram de sensações olfativas para estimular a criatividade.  Guy de Maupassant[3], por exemplo, costumava colocar morangos numa tigela com éter. Friedrich Schiller[4] enchia a primeira gaveta de sua escrivaninha com maçãs maduras.

            O cheiro está ligado diretamente à memória; de fato, as lembranças olfativas são muito precisas e quase indeléveis.  O cheiro e o gosto de uma fatia de bolo com uma xícara de chá inspiraram Marcel Proust[5] numa de suas maiores obras-primas da literatura, um trabalho de introspecção inigualável na precisão e no vigor.

            Provavelmente todos nós temos o nosso perfume inspirador.  Para mim, a lavanda e seus lindos vales lilases da Provença francesa me levam a estados meditativos profundos. Lá posso tocar em suas pétalas e me inebriar com o seu doce perfume.  Essa sensação é um presente para a minha alma e sinto-me de volta ao lar.  Por que sair daqui?

Métodos de absorção transepidérmico

            São mecanismo de ação dos óleos essenciais na pele e a sua absorção pelo tecido muscular e pelos vasos sanguíneos de onde são levados para todos os tecidos e órgãos.  Sabe-se que a pele é praticamente impermeável por sua função protetora.  No entanto, ela é permeável a substâncias voláteis, formadas por moléculas capazes de emitir vapores com odor.  Os fatores que afetam a permeação são a espessura e a região da epiderme.  As regiões com grande número de orifícios pilossebáceos são as mais permeáveis e vascularizadas, com maior capacidade de associação a outras substâncias da pele.

            Os óleos vegetais naturais, compostos lipídicos obtidos das sementes como a de girassol, abacate, uva etc. são os que melhor penetram, pela semelhança com a gordura da pele e pelo grande poder de difusão.  Todo óleo essencial necessita de um veículo adequado para proporcionar maior penetrabilidade e os óleos vegetais são os mais adequados para aplicações na epiderme por difusão.

OBS:  ESSE TEXTO PODE SER UTILIZADO LIVREMENTE, DESDE QUE CITADA A FONTE.




[1] Sigmund Freud (1856/1939) foi um médico neurologista austríaco, fundador da psicanálise.
[2] Jean-Jacques Rousseau (1712/1778) foi um filósofo, escritor, teórico político e um compositor musical autodidata suiço.
[3] Guy de Maupassant (1850/1893) foi um escritor e poeta francês, com predileção para situações psicológicas e de crítica social com técnica naturalista.
[4] Friedrich von Schiller, (1759/1805), foi um poeta, filósofo e historiador alemão, representante do Romantismo alemão.
[5] Marcel Proust (1871/1922) foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra  À la recherche Du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido), que foi publicada em sete partes entre1913 e 1927.


[1] Em Perfumery: The Psychology and Biology of Fragance.

UMA PERSPECTIVA HOLÍSTICA DA AROMATERAPIA

           O corpo humano funciona como um todo e as interações que acontecem entre esse todo, suas partes e o meio ambiente são reguladas por um princípio de equilíbrio chamado homóstase, que é um processo de auto-regulação garantido por substâncias como os hormônios e as secreções de glândulas endócrinas.  Qualquer agressão externa ou interna produz uma regulação compensatória e um desequilíbrio que desencadeia uma reação de defesa.  A ingestão de substâncias químicas costuma ser uma dessas agressões.  

            Nós dependemos das plantas em todos os sentidos – para obter alimento, energia e oxigênio – e temos uma relação de complementaridade com elas.  Somos partes de um mesmo todo, que é a própria vida.  

            Hipócrates, o pai da medicina ocidental, fundou sua prática em dois princípios básicos: o das semelhanças (tratar o mesmo com o mesmo, o veneno com o veneno), e o das oposições (encontrar antídotos).  O segundo, muito fácil de aplicar, é a base da medicina moderna (alopatia).  O primeiro, que inspirou a teoria das semelhanças formulada pelo grande alquímico e filósofo medieval Paracelso[1], exige intuição e sutileza.  Também é o princípio básico da homeopatia e da medicina antroposófica[2].

            Através da observação da morfologia das plantas e suas diferentes características (cheiro, gosto, área onde cresce, meio-ambiente, solo, vibração geral), Paracelso podia prever suas indicações terapêuticas.  Rudolph Steiner e os antroposofistas adotaram os mesmos métodos.  Suas descobertas têm um nível de acerto inacreditável e têm sido confirmadas pelas pesquisas científicas.

            As teorias genéticas e da informação, que lidam com as questões da ordem e do caos, também justificam essa abordagem.  Um sistema vivo (uma célula, um organismo, uma colônia de inseto, um grupo social) começa com determinados potenciais que se tornam reais num processo interativo com o meio ambiente.  Assim, o embrião e o ser humano se desenvolvem a partir de uma única célula primordial por diferenciação.  Tudo indica que os sistemas vivos pegam informações de outros sistemas vivos; pode-se dizer que eles incorporam informações alheias.

            Se a chave da cura esta dentro de nós mesmos, então só estaremos ganhando ao dar as informações certas para o organismo. Portanto, o estudo minucioso do papel dos óleos essenciais nas plantas nos ajudará a entender seu poder curativo, enquanto a observação de plantas específicas revelará as propriedades de cada óleo.

            Os óleos essenciais carregam as informações de uma célula para a outra, e desencadeia a reação hormonal da planta em situação de tensão. São agentes da adaptação da planta ao meio ambiente.  Por isso contêm hormônios. A sálvia, tradicionalmente conhecida por regular e promover a menstruação, contém estrogênio.  O ginseng, conhecido tônico e afrodisíaco, contém substâncias semelhantes à estrona.  O alecrim aumenta a secreção de bílis e facilita sua excreção.  Outros óleos controlam a multiplicação e a renovação das células.  Têm efeitos citofiláticos e curativos no organismo humano (especialmente a lavanda, o gerânio, o alho e a sálvia).  Segundo o pesquisador Jean Valnet, eles também têm propriedades anticarcinógenas.

            Na visão antroposófica, os óleos essenciais são a manifestação das forças cósmicas do fogo.  Eles seriam produzidos pelo “eu” cósmico da planta, matéria dissolvendo-se em calor.  Por isso são indicados para doenças que se originam no corpo astral.

Os aromas e a alma

            A aromaterapia age em diversos níveis.  Em primeiro lugar, há uma ação alopática devido à composição química dos óleos essenciais e suas propriedades antisséticas, estimulantes, calmantes, antinevrálgicas e outras. Existe uma ação mais sutil, no nível da informação, semelhante à ação dos medicamentos homeopáticos ou antroposóficos.  E, finalmente, os óleos essenciais agem sobre a mente. Não é por acaso que são tradicionalmente usados como os ingredientes básicos dos perfumes.  Pode-se dizer que, de um modo geral, cheiros agradáveis têm óbvios efeitos positivos nas pessoas. 

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[1] Paracelso, pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (1493/1541) foi um famoso médico, alquimista, físico e astrólogo suíço.
[2] A Antroposofia, do grego "conhecimento do ser humano", introduzida no início do século XX pelo austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana.